Capim Branco é destaque em Agroecologia e Produção de Orgânicos
Conheça a forma de produção rural que respeita e cuida da natureza.
Publicado em 19/06/2020 15:47 - Atualizado em 19/06/2020 16:00
Valorizar a diversidade e fortalecer as comunidades. A agroecologia vai muito além de uma técnica de produção agrícola. Produzir nos moldes agroecológicos significa resgatar valores, conhecimentos e o saber local. Significa respeitar o meio ambiente e possibilitar que a natureza mostre todo o seu poder de recuperação. Significa uma harmonia entre homem e o ambiente natural, traduzida em alimentos saudáveis e comunidades que conseguem conviver bem com os recursos naturais e aliar desenvolvimento com conservação ambiental.
A ecóloga Lorena Anahi Fernandes da Paixão, da Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (REDE), organização de Minas Gerais que busca contribuir para a melhoria da qualidade de vida de comunidades do campo e da cidade, por meio do fortalecimento da agroecologia e da agricultura urbana, explica sobre os benefícios da técnica para o meio ambiente. “A agroecologia busca o desenvolvimento de sistemas que permitem a criação de um microclima harmonioso, que favorece a proliferação de espécies nativas daquele ambiente. Com a recuperação vegetal, diversos pássaros voltam para seu habitat natural e a gente nota a presença de mais espécies convivendo juntas. A recuperação do solo é nítida, contribuindo também para uma maior retenção de água e preservação dos recursos hídricos”, esclarece.
A agroecologia reúne conhecimentos que possibilitam a recuperação do meio ambiente, para isso é necessário conhecer a região, o tipo de solo, as plantas que se desenvolvem melhor naquele local. O cultivo em aléias, por exemplo, é uma técnica muito útil para melhorar os solos pobres, combinando árvores de maior porte e outras culturas, alternadamente, o que ajuda a proteger o solo contra as chuvas fortes. Em lugares secos e com ventos fortes, é necessário o cultivo de quebra-ventos, espécies que protegem as plantações de ventanias, permitindo ainda que a água fique por mais tempo nas plantações. Existem também espécies que são chamadas de plantas adubadoras, capazes de promover a recuperação da fertilidade do solo.
A partir desses conhecimentos, a produção agroecológica oferece a possibilidade de se trabalhar no sistema de consórcios, agregando um certo número de plantações num mesmo local e permitindo a diversificação de colheitas para diferentes finalidades. Posso agrupar feijão guandu, palma forrageira, milho e feijão de corda, por exemplo. Cada uma dessas espécies possui um ciclo de produção diferente do outro, o que permite colher o feijão em dois meses para consumo humano, proteger o solo da degradação, e em três meses colher o milho para alimentar a criação de pequenos animais, além de possibilitar o estoque de alimentos.
o se formar em Agronomia, em 2010, Lucas Castro Alves de Sousa assumiu a frente dos negócios da família nas Fazendas Vista Alegre, em Capim Branco. Decidiu criar um projeto, aproveitando a experiência de produtores rurais da cidade, que há 20 anos haviam migrado para o sistema orgânico de produção e, em parceria com o agricultor familiar Marcone Xavier, um dos pioneiros na produção orgânica no estado de Minas Gerais, deu início ao Projeto Vista Alegre.
“Na agricultura convencional, o solo é apenas o meio físico em que a planta vai se instalar. Tudo é trazido de fora: a água e o adubo. Na orgânica, o solo quanto mais vivo melhor. Essa biodiversidade ofertará os nutrientes que a planta precisa para se criar forte e resistente. Trabalhamos com a prevenção. Num solo sadio, em ambiente que favoreça o desenvolvimento, a planta estará preparada para combater naturalmente a praga”, explica.
São nove hectares em consórcio de 30 variedades de horta, 10 de frutas, grãos e madeira. Num mesmo canteiro há brócolis, alface e rúcula, entre outras, intercalados com frutas, como bananeira, limão, laranja, mexerica e madeira (eucalipto ou mogno). Uma lógica da floresta, em que uma árvore que precisa de mais luz estará num extrato mais alto, sem atrapalhar as demais. “A sucessão natural. Uma área de queimada, um dia virará floresta, mas, até chegar lá, virá primeiro o capim, que dura pouco tempo, depois surgem os arbustos e, por fim, as árvores maiores.”
Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Luiza Baggio
Fotos: Michelle Parron
Ilustração Clermont Cintra
por Assessoria de Comunicação